Grandes Desastres da Humanidade

Ó Albatroz do Tempo! Empresta-me tuas asas de gigante e deixa-me vasculhar o passado em busca de algum dos maiores desastres que já ocorreram no mundo.
 
E não é que o albatroz, ouvindo minha prece, atendeu meu pedido? O relógio do tempo inverteu sua marcha e recuamos no tempo e no espaço…
 
…Estamos no centro de Bento Gonçalves e eu, no auge da adolescência, caminho estufando o peito e empinando o nariz como um pavão. As árvores plantadas nas calçadas ajudam a tornar o clima melhor, porém as raízes de algumas costumam levantar um pouco o calçamento e isso já não é assim tão bom. Bem na frente do Bradesco, o calçamento fica irregular por causa de uma dessas árvores bandidas. E eu estava passando justamente por lá quando vi, caminhando em minha direção, duas loirinhas lindas! Eu disse DUAS loiras lindas vindo em minha direção. Ô beleza!
 
Estufei o peito ainda mais e comecei a afivelar na minha face o meu melhor sorriso do tipo: "Ei! Olhem o Johnny Bravo aqui! Vocês não vão resistir aos meus encantos…". E foi justamente nessa hora que tropecei na calçada e perdi o equilíbrio. Foi um desespero. Para não cair, joguei o corpo para frente e sai caminhando desequilibrado e a passos largos, típicos de Sassa Mutema.
 
Em menos de dois segundos, me arremessei para dentro do Bradesco, peguei um boleto qualquer e comecei a preencher. Detalhe: naquela época eu nem tinha conta naquele banco…
 
Cinco anos mais tarde, instalaram as primeiras portas giratórias que travam quando detectam metal. O Banco do Brasil tinha a maior de todas e os malditos deixavam elas reguladas sempre em níveis altos. Eu estava fazendo serviço de banco para a empresa onde trabalhava e fazia apenas duas semanas que eu havia começado a usar óculos. Ocorre que essas portas travam não só com metal, mas também quando mais de uma pessoa tenta passar ao mesmo tempo por elas.
 
Eu estava atrasado e por isso, quase corria para sair do banco. O problema é que um colono estava logo atrás de mim e vinha caminhando ainda mais rapidamente! Eu não o vi até ser tarde demais… 😦
 
Quando comecei a empurrar a porta, na maior pressa, o tal colono quis passar junto comigo. A porta travou, eu me espatifei contra o vidro e o colono colidiu nas minhas costas, transformando aquilo num sanduíche no qual eu era o recheio. Com o baque, eu e o colono voltamos para trás. Eu fiquei meio atontado pelo choque e só depois de alguns segundos é que notei que havia perdido meus óculos. De algum modo inexplicável, que até hoje não sei como, o óculos foi parar do lado de fora do banco. Não sei se alguém ficou rindo da minha cara porque sai correndo do local, peguei o que havia perdido e sumi do mapa.
 
No entanto, desastres ocorrem também com os outros. Que infelicidade a do meu amigo Josué, duas semanas atrás, quando aplicou CTRL+C numa máquina e se dirigiu para a máquina ao lado a fim de aplicar um CTRL+V. Essa tentativa insólita de violar todas as leis da Física e da Informática foi acompanhada de perto pela Sabrine, justamente a garota mais bonita do setor. Josué pode ver o sorriso da garota em detalhes. Uma pena que a cara dele era o alvo do belo sorriso da garota.
 
E como não lembrar ainda do meu primo Fabrício, grande craque do futebol de rua, que foi dominar uma bola no peito, justamente quando passava pelo local uma moreninha. Havia chovido e a calçada ainda estava bem úmida. Ele começou matando a bola no peito, depois caiu sobre um dos joelhos, tentou se levantar e escorregou com o outro pé. Resultado: ficou de quatro bem na frente da morena. Eu colaborei com a situação, emitindo a minha mais sonora gargalhada.
 
Claro que fui castigado. Duas semanas depois, a bola escapou do meu controle e foi em direção a um casal que vinha subindo a rua de bicicleta. Corri para evitar que a bola se chocasse contra eles. Consegui alcançar a infeliz em cima da hora, mas ao pisar nela, ocorreu algo estranho: ela ficou parada, mas eu continuei meu deslocamento no ar, virando uma cambalhota e caindo de costas bem no meio da rua. Sorte que minha nuca não bateu no meio fio. Felizmente, o casal que passeava de bicicleta teve piedade e desviou de mim. Pela vergonha que senti, podiam ter passado por cima que eu nem me importava… :-p
 
O Rodrigo, outro dos meus primos, veio correndo me procurar. Algo sensacional havia ocorrido na rua em frente a minha casa. Segui ele até a rua, que estava deserta. E ele contando animado como duas garotas, que estavam passeando de Mobilete, perderam o equilíbrio e haviam caindo na calçada. Ele até veio correndo pela rua, imitando alguém andando de Mobilete e fazendo "biii-biiii" com a boca e "fingiu" tropeçar e cair na calçada. Eu e ele estávamos rindo sem parar das otárias. Foi então que uma voz fria e séria, vinda da casa do vizinho, anunciou: "Foi bem assim que aconteceu". Quem disse aquilo foi uma das garotas da Mobilete, que estava lavando o joelho esfolado na queda. Não havíamos percebido que elas estavam ali, se recuperando do susto! Se houvesse um botão de desaparecimento instantâneo, eu e meu primo teríamos apertado ele naquele exato momento.
 
Eu até que podia continuar esses causos, mas por hora o Albatroz do Tempo está muito cansado. Talvez um dia ele volte aqui para continuarmos, afinal de contas, tem o causo do tiro no bojo, as bombas no Clube Caça e Pesca, a invasão da fazenda de apicultura, a bola de barro lançada no Chevette amarelo… 🙂
 

2 Comentários

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2 Respostas para “Grandes Desastres da Humanidade

  1. Lisa

    Qual o motivo dessa sessão nostalgia? Aconteceu alguma coisa nos últimos dias que fez vc querer sumir? 🙂

  2. Laís

    E que ele volte mesmo! divertido ler sobre os desastres do tempo dos outros! Divertido porque todo mundo tem os seus; eu tenho um monte; ôh delícia! Beijos!

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